

Como todos nós já vimos e ouvimos, há um aumento mundial na disseminação de desinformação nas redes sociais gerando algumas pesquisas comportamentais sobre as “fake news”. E você pode perguntar: o que são fake news? São notícias falsas apresentadas como verdadeiras.
Esses estudos geralmente apresentam aos participantes notícias com algumas variantes como verdadeiro x falso, politicamente consistente x inconsistente, etc. e pedem que eles façam julgamentos quanto à precisão ou escolhas.
Este guia tem como objetivo ajudar os pesquisadores a percorrer pelos desafios singulares que surgem com esse tipo de pesquisa. Um dos principais problemas é que o conteúdo divulgado nas redes sociais é algo efêmero que reflete algum assunto do momento. É preciso levar em consideração que a seleção do conteúdo a ser pesquisado pode influenciar significativamente no resultado do estudo, e as visões pessoais do pesquisador podem influenciar nas bases da pesquisa. Recomendamos nosso próprio teste preliminar de 225 manchetes recentes de notícias verdadeiras e falsas relacionadas a questões políticas dos EUA e à pandemia de COVID-19 como material para novos testes preliminares.
1ª etapa – Selecionando sua desinformação:
Quando alguém faz referência a uma notícia falsa é, na verdade, uma referência a qualquer coisa que se relacione a outras fake news que estão circulando no mundo. Se você deseja criar suas próprias fake news como experimento (como tem sido feito em alguns estudos; Pereira et al., 2020), você precisa tomar um cuidado extra para se certificar de que o conteúdo seja semelhante ao que é visto no dia a dia.
Criar suas próprias notícias falsas não quer dizer, necessariamente, que elas vão viralizar nas redes sociais. Você deve ter uma noção de como são as notícias falsas no contexto em que está interessado. Por exemplo, se você gostaria de realizar um estudo sobre desinformação no Brasil, não faria sentido usar exemplos de fake news do Estados Unidos.
Felizmente, existem inúmeras organizações de fact-checking que verificam fatos em todo o mundo e que mantêm registros de conteúdos falsos ou enganosos que estão espalhados na internet. Alguns deles estão abaixo:
Muitos boatos nesses sites não são exemplos de fake news. Então, cabe a você decidir que tipo de desinformação gostaria de pesquisar.
2ª etapa – Selecionando conteúdo verdadeiro:
Determinar como as pessoas distinguem conteúdo verdadeiro e falso é muito importante, mas se você estiver interessado apenas em testar a desinformação sem “conteúdo verdadeiro”, pule esta etapa. Encontrar desinformação é fácil, pois há uma maneira clara de descobrir “desinformação” que os fact-checkers identificaram como falsas. Sobre conteúdo verdadeiro, há uma quantidade muito maior de possibilidades e fontes convencionais confiáveis, como The New York Times ou Washington Post.
Ao pesquisar conteúdo, também é importante obter o máximo possível de amostras de fontes variadas. Nossa abordagem preferencial é selecionar notícias que fariam sentido para alguém compartilhar vários meses após sua publicação, porque elas descrevem eventos que podem de fato acontecer.
3ª etapa – Realizando um teste preliminar:
Um teste preliminar é opcional, mas se decidir fazê-lo, você pode selecionar 20 notícias pró-democratas e 20 pró-republicanos. É bem possível que as notícias pró-democratas acabem sendo mais pró-democratas do que as notícias pró-republicanos sejam pró-republicanos (ou vice-versa), dependendo de quem as seleciona (mesmo não intencionalmente).
A grande maioria dos estudos empíricos sobre fake news que publicamos foi respaldada por teste preliminares que requerem mais tempo e dinheiro.
4ª etapa – Criando seu experimento:
É hora de criar seu experimento. A seleção do conteúdo é fundamental para validar seu estudo. Para essa pesquisa, era essencial ter notícias que fossem preferencialmente políticas, pois são o tipo de assunto que facilita o partidarismo. Portanto, usamos um teste preliminar para confirmar essa possibilidade. Descobrimos que usar mais de 30 manchetes é muito e sugerimos testar grupos menores de participantes inicialmente. Você pode utilizar um conjunto aleatório de notícias. Se você está empenhado em entender as fake news, essa pode ser uma boa estratégia.
Conclusão:
É necessário que os cientistas sociais entendam melhor por que e como os boatos se espalham tão facilmente nas plataformas de redes sociais. Felizmente, existem etapas que podem ser seguidas para montar pesquisas e experimentos consistentes usando exemplos de notícias do “mundo real”. Se pudermos construir uma base de conhecimento coletivo sobre essa questão, será mais fácil criar ações significativas que possa impactar a qualidade do conteúdo que as pessoas compartilham nas redes sociais.
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