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Efeitos de longo prazo do COVID-19

Novos estudos correlacionam a doença a sintomas persistentes, desde danos cognitivos a disfunção sexual

Por Marianne Bechara

Tradução: Pedro Gandra

Os efeitos de longo prazo da COVID-19 ainda são assunto que gera preocupação para os especialistas de saúde. Definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como sintomas que perduram ou reaparecem após 3 meses depois que um indivíduo adoece devido ao coronavírus (SARS-CoV-2), eles constituem um quadro chamado de “condição pós COVID-19″ ou “COVID longa”.

Esses efeitos persistentes são o tópico principal de vários estudos ao redor do mundo, incluindo dois artigos recentes: “Comprometimento cognitivo após 13 meses de internação devido a COVID-19″ e “Sintomas e fatores de risco da Covid longa em adultos não hospitalizados”. Ambos os estudos trazem descobertas significativas sobre os sintomas duradouros da COVID-19, como danos cognitivos, perda de cabelos e olfato, além de disfunção sexual.

Publicado na revista “Open Forum Infectious Diseases”, o primeiro estudo, conduzido pela Universidade de Oslo, possui foco na função cognitiva de 75 pacientes – com idade mínima de 18 anos – 13 meses após receberem alta do hospital. Para obter resultados precisos, os cientistas utilizaram quatro tipos de testes: Delaying Match to Sample (DMS), para “memórias de curto prazo, processamento visual-espacial, aprendizado e atenção”; One Touch Stockings of Cambridge (OTS), para avaliar a função de execução cognitiva, incluindo processos de raciocínio elevado e tomada de decisão”; Rapid Visual Information Processing (RVP), em relação à “atenção sustentada”; Spacial Working Memory (SWM), para “armazenamento de memória e estratégia”.

O artigo revelou que 40 participantes (53% dos pacientes) apresentaram danos cognitivos em um ou mais testes. No teste DMS, a prevalência foi de 19 dos 75 pacientes (25%); OTS, 18 de 75 (24%); RVP, 15 de 73 (21%); e no SWM, 10 de 74 (14%). É importante notar, no entanto, que esses resultados podem também estar relacionados a outras causas, como comorbidades e sequelas psicológicas.

Conduzido pela Universidade de Birmingham, o segundo estudo foi publicado na revista “Nature Medicine”. Os autores examinaram dados primários no Reino Unido – de 31 de janeiro de 2020 a 15 de abril de 2021 – para tentar compreender os efeitos persistentes da COVID-19 entre adultos não hospitalizados.

Considerando os dados apresentados, 489.149 dos pacientes externos tiveram histórico de infecção causada pelo coronavírus, enquanto 8.030.224 não apresentaram registros de COVID-19. Nesse último grupo, 1.944.580, mostraram uma pontuação compatível com as pessoas infectadas pelo coronavírus ligados a fatores sociodemográficos, massa corporal indexada, comorbidades, hábito de fumar e outros sintomas.

Quando comparados os sobreviventes de COVID-19 aos membros de outro grupo (composto por 1.944.580 pessoas), as pesquisas mostraram que o primeiro grupo tinha maior chance de apresentar mais de um efeito relacionado a COVID-19 após 12 semanas. No caso de apenas um sintoma, a porcentagem foi de 5,6% (sobreviventes) para 4,7% (indivíduos não infectados); 3,6% para 2,9%, relativo a dois sintomas; 4,9% para 4,0 para três ou mais sintomas.

Visto os muitos efeitos duradouros da COVID-19, foram encontrados 62 sintomas comuns no escopo do estudo. Perda de cabelo e olfato, coriza, dor no peito, fadiga e disfunção sexual estão entre eles. Os autores também explicam que comorbidades – incluindo a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), fibromialgia, depressão, esclerose múltipla e doença celíaca – podem ser responsáveis por prolongar os efeitos da doença.

Em ambos os artigos, os autores afirmam que mais estudos são necessários para apoiar e ampliar as descobertas. Mesmo assim, os atuais resultados são válidos, desde que possam ajudar profissionais de saúde a compreender com mais precisão os sintomas de longo prazo analisados. Devido a esta e outras descobertas, novas abordagens podem ser estabelecidas para o tratamento de pacientes em situação pós COVID-19, o que certamente irá evidenciar essas práticas médicas no mundo. 

Fontes:

“Comprometimento cognitivo 13 meses após internação por COVID-19”:

https://academic.oup.com/ofid/article/9/7/ofac355/6649885

“COVID longa – efeitos de longo prazo da COVID-19”:

https://www.hopkinsmedicine.org/health/conditions-and-diseases/coronavirus/covid-long-haulers-long-term-effects-of-covid19

“Névoa cerebral persistente e queda de cabelo destacadas em estudos de COVID longa”:

https://www.cidrap.umn.edu/news-perspective/2022/07/persistent-brain-fog-hair-loss-highlighted-long-covid-studies

“Sintomas e fatores de risco para COVID longa em adultos não hospitalizados”:

https://www.nature.com/articles/s41591-022-01909-w

“Lidando com a ciência por trás dos efeitos de longo prazo da COVID-19”:

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